domingo, 8 de janeiro de 2012

serenidade, idade.

...eu poderia de alguma forma tentar me vingar.
Eu poderia optar por fechar os olhos e escutar tudo que os sentimentos infelizes trazem.
Poderia amargurar meu coração.
Enfeitar com laços pretos todas as lembranças boas.
Chorar lágrimas de desgosto.
Poderia deixar pra trás todo o aprendizado e partir para o regresso.
Poderia deixar que o mal ofuscasse todos os abraços e sorrisos sinceros e as palavras que um dia, também foram sinceras.
Poderia apagar as luzes do quarto e dos olhos.
Desabrochar em conformidade com a realidade que às vezes nos faz cair, tropeçar, fraquejar, morrer.
Poderia me esquecer do sol.
Ou da lua.
Poderia esquecer todos os amigos bons, as discussões de bar, as palavras de amor.
Poderia optar por fechar o coração, por traduzir todos os sentimentos e sobreviver a uma vida sem sal. Apenas sobreviver.
Mas de alguma forma, através de algum pensamento, de algum sentido sobreposto em uma ocasião ou no silêncio, estabeleci o traço do aquecimento da vida.
Respeitei o meu próprio nascimento e a surgimento de cada novo dia.
Restabeleci a minha ordem, a minha faceta, a minha vontade.
Desencontrando o sentido e se esquecendo dele, optei por caminhar.
Apenas caminhar.
E assim, eu me respeitei.

dia 4 de janeiro de 2012 no Arpoador,  Ipanema - RJ